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RÁDIO NOSSA JOVEM GUARDA: Bauru-SP é a ‘virgem’ de Erasmo Carlos

fevereiro 24, 2013

Bauru-SP é a ‘virgem’ de Erasmo Carlos



Entrevista concedida ao JCNET


Ele nasceu na Tijuca, zona Norte do Rio de Janeiro, e seu sotaque despojado de carioca combina com seu jeitão tranquilo e carismático. Erasmo Carlos deixa a gente à vontade até em uma entrevista com tempo cronometrado, e diz tudo que você quer ouvir sem fazer muitos rodeios. E o “Tremendão” da música brasileira vai desembarcar em Bauru no dia 12 de março (terça-feira), para show às 21h no Restaurante Beef Street, do Alameda Quality Center.  Pelo que se lembra, ele esteve na cidade pela última vez na década de 60. Por isso, diz que “vai olhar Bauru com olhos de quem olha pra uma virgem”. Portanto, vai “chegar como se fosse a primeira vez”.

O show do ídolo da Jovem Guarda abre a série “Grandes Nomes 2013”, projeto do Alameda retomado no mês de outubro passado. A apresentação leva o nome de “Jantar com Erasmo Carlos”, proposta que tem como objetivo unir “pockets shows” com o serviço de um saboroso cardápio. O ingresso para a atração dá direito a um prato individual, escolhido entre três opções disponíveis. O pocket show é destinado para um público de 500 a 600 pessoas, que assistem ao espetáculo em cadeiras e têm contato mais próximo com o artista em uma experiência mais intimista.

Atualmente, Erasmo vem desbravando o Brasil com sua turnê Sexo & Rock’n’roll em comemoração a 50 anos de estrada. É o aniversário da estrada dele. E o presente é nosso. Confira a entrevista do JC Cultura com Erasmo:


JC - Qual sua relação com Bauru? Lembra-se da última vez que esteve aqui?

Erasmo - Foi há muitos anos, mas eu não lembro, pois já passei por várias cidades. Foi muito perto da Jovem Guarda, se não me engano na década de 60. Mas sempre ouço falar de Bauru como uma grande cidade, bonita, grande, potente, forte e rica. Como já faz muito tempo que estive em Bauru e não me lembro de praticamente nada, vou chegar com olhos de primeira vez. Bauru é uma “mulher virgem” pra mim. Vou olhar Bauru com olhos de quem olha pra uma virgem!


JC - É a primeira vez que você faz um show neste formato, que reúne vários anos de carreira?

Erasmo - O show se baseia no DVD que gravei de tantos anos de carreira, com participação de vários artistas, como Roberto Carlos e Marisa Monte. Agora estou na turnê pelo Brasil inteiro. O formato não é tão diferente de outros shows que eu já fazia, pois sempre, nas minhas apresentações, procuro cantar músicas antigas que fizeram sucesso e outras novas. E neste show, é mais ou menos assim.


JC - Já pensou em parar de cantar?

Erasmo - É claro que um dia eu vou parar, o dia em que o físico não obedecer mais ao que a mente manda. Então quando chegar este dia eu vou parar de fazer shows. Mas minha profissão é compor, e eu vou fazer isso sempre.


JC - Qual foi o impacto do movimento da Jovem Guarda para a juventude brasileira?

Erasmo - Na época foi maravilhoso, porque os tabus eram simples, mas mesmo assim foram difíceis de serem vencidos, então a grande contribuição que a Jovem Guarda deu pra juventude brasileira foi o fato de garantir uma voz, um brado de liberdade, de costumes, de igualdade entre as pessoas, para que elas pudessem usar o que queriam, o cabelo da maneira que queriam, da cor que queria, ouvir suas próprias músicas... o movimento foi um grito de independência da juventude. Eu diria que a Jovem Guarda foi o 13 de maio da juventude brasileira.


JC - E mais ou menos nessa mesma época de Jovem Guarda havia uma certa briga entre rock e bossa nova, e alguém falar que gostava de rock e/ou tocava guitarra era quase um crime estando em certos grupos. Como você, fã de rock’n’roll assíduo, encarou essa situação?

Erasmo - Na época havia muito isso mesmo, era uma época muito iniciante de tudo, inclusive da própria liberdade, as pessoas se manifestavam com as suas vozes e em meio a isso tinha os puristas da MPB que não gostavam de influências estrangeiras na música brasileira, então não gostavam da guitarra... Esses grupos eram hostis conosco, mas a gente não ligava muito não. Houve até passeata contra guitarras e tudo, mas a gente não ligava mesmo.


JC - E, falando de hoje, existe um movimento no Brasil de resgate da música de raiz popular, caipira, e em meio a isso há quem critique que o rock ajuda a descaracterizar e a desvalorizar a música típica brasileira...

Erasmo - Eu sempre analiso a música como algo universal e não regional, porque eu nasci no Brasil apenas por acidente; poderia ter nascido em qualquer outro lugar. E eu acho que a música é algo tão divino que não tem fronteiras, sabe? Quem colocou as fronteiras foram os homens! A música está acima de coisas regionais e patrióticas...

JC - E, atualmente, o que gosta de ouvir?

Erasmo - Eu ouço de tudo um pouco, pelo rádio, pela televisão, pelo computador, ouço tudo até como informação, pois sou um cara que procuro estar sempre atualizado. Porém quando quero ouvir música eu gosto mesmo é de ouvir discos antigos, bossa nova e rock’n’roll antigos. Até os anos 70 eu ouço. Depois, já nada mais me arrepia.


JC - E como você, como grande cantor e compositor, avalia o cenário da música no Brasil em meio a tantos gêneros e subgêneros colocando o rock no meio, fazendo misturas entre estilos tão discrepantes?

Erasmo - Realmente eu sou grande, tenho 1,86 (risos). Eu não tenho preconceito musical, aceito tudo. Tem gosto pra tudo e é ótimo que haja várias opções de gêneros musicais. Cada um tem liberdade pra fazer o que quiser e cada um tem direito de gostar do que quiser. Diante dessa mistura de ritmos e estilos, eu não ligo muito pra rótulos. Tudo é válido!


JC - Sua autobiografia “Minha Fama de Mau” vai virar filme. Como se sentirá sabendo que existe um filme que retrata sua vida?

Erasmo - O filme já está sendo produzido, sim. Na verdade, eu me sinto meio deslocado, pois parece que é outra pessoa e não eu, e é engraçado quando a gente se vê em outra história. Eu senti isso quando eu fui assistir ao musical “Vale Tudo”, que fazia referência ao Tim Maia e eu apareço também, sou personagem também.

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