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RÁDIO NOSSA JOVEM GUARDA: Um ídolo, uma fã, e uma linda história

fevereiro 20, 2013

Um ídolo, uma fã, e uma linda história


O ano é 1978. Roberto Carlos está com 37 anos, no auge de sua carreira. Tem fama, sucesso, dinheiro. Mas, recém-separado da mulher, Cleonice Rossi, a Nice, com quem fora casado durante onze anos, sente solidão.


Numa noite, ele apresenta um show em Serra Negra, no interior de São Paulo. Na primeira fila, vê uma linda garota de longos cabelos negros e corpo delicado, cantando, apaixonadamente, todas as letras. É Maria Rita Simões, uma jovem de 17 anos que sorri com os olhos.
Exausto, após o show, o Rei se surpreende ao ver a suposta fã chegando com Ana Paula Rossi. a filha mais velha de Nice, que cria como se fosse sua. Ao ver de perto aquela menina tímida, encolhida em um cantinho, ele fica fascinado. Com respeito, pergunta à enteada quem é ela.

Ana Paula, de 13 anos, explica que a garota lhe dá aulas de reforço no colégio paulistano Dante Alighieri - um dos mais tradicionais de São Paulo - e queria conhecê-lo. Nesse momento, estabelece-se uma cumplicidade entre Maria Rita e Roberto. Sem dar a mínima para a diferença de idade e o fato de o cantor ser um astro tão famoso, a jovem deixa-se envolver a ponto de, dias depois, receber um pedido de namoro.

Os pais de Maria Rita, Luiz César Pinheiro Simões e Geramy, no entanto, são católicos praticantes e não vêem com bons olhos o fato de sua filha caçula estar apaixonada por um homem separado e vinte anos mais velho. Eles proíbem o namoro e o casal é obrigado a se separar.

Tal desencontro se estenderia por onze anos. Morando com os pais num apartamento de 200 metros quadrados no bairro de Moema, na zona sul de São Paulo, Maria Rita seguiu com sua carreira de professora. Sempre que sabia de alguma apresentação de Roberto na cidade, ela tratava de comprar ingressos e se acomodar na primeira fila. Também colecionava revistas com reportagens sobre a carreira do cantor. E não deixou de amá-lo nem ao ler, nessas mesmas páginas, as notícias do novo casamento de Roberto com a atriz Myrian Rios.

Nesse período todo, ela nunca se casou. Continuou em contato com Ana Paula, a enteada de Roberto, que faleceu recentemente. Em 1989, por meio dela e pela imprensa, soube que Roberto Carlos e Myrian Rios haviam se separado. Sabendo que ali estava a chance de reencontrar o grande amor de sua vida, não perdeu tempo.


Naquele mesmo ano aguardou o primeiro show de Roberto em São Paulo e foi cumprimentá-lo no camarim. Claro que o cantor reconheceu a menina de cabelos longos, agora uma mulher de 29 anos, e o amor recomeçou. Com um ano de namoro, completamente apaixonado por Maria Rita, Roberto Carlos decide apresentá-la aos filhos, Luciana e Roberto Carlos Segundo, o Dudu. O encontro aconteceu em Miami, onde o cantor gravava seus discos. Os jovens foram passar quinze dias de férias com o pai e ficaram fascinados com a simplicidade e a meiguice da nova integrante da família. "Maria Rita é uma pessoa especial e nos conquistou com muita facilidade", lembra Dudu. "Fiquei comovido com o amor deles."

A partir daí, a professora Maria Rita Simões deu lugar à Senhora Roberto Carlos. Segundo amigos dela, essa situação nunca a desagradou. Sua dedicação exclusiva a Roberto era prova de amor, e a ele queria agradar o tempo todo. Sempre viajava com o companheiro, ia a todos os shows e ficava no estúdio, enquanto ele gravava seus CDs. No dia-a-dia, ocupava-se da administração da casa. E sempre preparava alguns mimos, como comprar rosas e orquídeas brancas em uma banca do mercado horticultor do Leblon, no Rio, para enfeitar a cobertura, na Urca, onde viviam, e o estúdio dele, no mesmo bairro.

Como se tivesse encontrado a mais valiosa jóia de sua vida, ele não mostrava a nova namorada a ninguém. Tranqüila e extremamente discreta, Maria Rita também não fazia a mínima questão de receber o tratamento normalmente dispensado às mulheres de famosos. Tanto que eles não viajavam no mesmo avião, nem iam para os shows no mesmo carro para evitar que ela ficasse exposta aos flashes que perseguem o Rei há mais de cinquenta anos.

O esquema de segurança era tão perfeito que, em novembro de 1990, durante a temporada do cantor no Canecão, Rio de Janeiro, Maria Rita circulava pelo camarim de calça jeans, camiseta branca e rabo-de-cavalo sem ser incomodada pelos fãs e jornalistas. Ninguém a conhecia e era isso o que ele queria. "Nosso amor é só nosso, não é de mais ninguém", dizia Roberto.



Mas o Rei acabou assumindo a rainha. Em 1991, Roberto decide anunciar a sua felicidade e compõe a canção Primeira-Dama, em homenagem a ela. Em 5 de setembro do mesmo ano, a revista CONTIGO publica sua primeira foto, flagrada em meio à multidão, durante um show dele, ao lado dos pais. A essa altura, o relacionamento tinha estruturas tão sólidas que nem as investidas de Myrian Rios, com quem Roberto foi casado por dez anos, conseguiram abalá-los. A atriz estava arrependida de ter terminado o casamento e disse em várias entrevistas que gostaria de voltar a namorar Roberto. Ela chegou a aparecer em um show dele no Canecão. Mas, ao chegar ao camarim, encontrou Maria Rita e percebeu que o amor dos dois era sério. Roberto simplesmente ignorou as declarações e Myrian desistiu.

A primeira aparição pública de Maria Rita no papel de mulher de Roberto foi dia 12 de julho de 1993, eles já moravam juntos havia dois anos. Durante um evento beneficente, no Rio Palace, Rio de Janeiro, ela foi apresentada pela socialite Clara Magalhães aos 500 convidados que lotavam o local.

"Tomei a iniciativa de apresentá-la, porque sabia que ela representava o início de uma fase maravilhosa na vida do Roberto", afirma Clara. "Ele encontrou uma pessoa para acompanhá-lo na longa caminhada de amor, fé e caridade." Logo depois, a amiga começou a levar Rita para as reuniões do grupo de oração O Terço, que reúne cinqüenta mulheres todas as quartas-feiras na mansão de Glória Severiano Ribeiro, no Leblon, ou na casa de Marisa Bezerra, na Barra da Tijuca.

Tão católica quanto seu amado, ela nunca escondeu das amigas a vontade de casar na igreja. "Mas quando eu casar ninguém vai poder saber. Nem vocês, por isso não fiquem chateadas", dizia Maria Rita às amigas do grupo O Terço, repetindo a orientação do marido.

Para mais uma vez driblar a atenção da imprensa, Roberto convidou menos de quinze pessoas para uma missa de comemoração pelo aniversário de Maria Rita, que aconteceria dia 11 de abril. Nenhum convidado sabia que, na realidade, os dois iriam se casar na tarde do dia 8.

Até então, Roberto nunca havia jurado diante de Deus fidelidade e amor a uma mulher. Ele decidiu levar Maria Rita ao altar no dia 8 de abril de 1996. Talvez por superstição ou apenas para preservar a pontinha de privacidade que ainda restava em sua vida. Maria Rita também não discutia os motivos. Sempre respeitava os pedidos dele.


A cerimônia teve o estilo do casal: simples, discreta e despida de toda a pompa. Nem flores enfeitavam a Igreja Nossa Senhora do Brasil, na Urca. Maria Rita vestia uma saia branca de tafetá com blusa de renda guipure, encomendada um mês antes para a ocasião, e carregava um rosário nas mãos. Roberto vestia o terno azul de estimação. A emoção foi grande e os noivos chegaram a chorar durante a pregação feita pelo padre Moraes, que durou cerca de quarenta minutos.

"Admiro muito este casal, juntos na alegria e na tristeza, na dor e na doença", afirma Clara Magalhães, uma das poucas testemunhas do enlace. Os padrinhos da cerimônia foram a única irmã da noiva, Maria Emir Brotto, e o irmão de Roberto, Carlos Alberto Braga. Lady Laura, mãe do Rei, os pais de Maria Rita e os filhos de Roberto estavam presentes. Quando perguntavam a Maria Rita se ela havia realmente se casado com o amor de sua vida, ela abria o sorriso cativante e respondia com a voz meiga: "Estamos casados há cinco anos."

Onze dias depois, o cantor comemorou seu aniversário de 55 anos com um megashow no Ginásio Mineirinho, em Belo Horizonte. Discreto, durante toda a apresentação ele não fez qualquer comentário sobre seu novo estado civil. Só lançou os habituais olhares apaixonados em direção à terceira fileira das cadeiras vips, onde estava sentada Maria Rita. O momento mais engraçado da apresentação foi quando ele cantou um trecho de Lobo Mau (1965), que diz assim: "Eu sou do tipo que não gosta de casamento". Enquanto cantava, tampou os olhos com a mão e deu uma olhada marota para a mulher, que sorriu sem graça. Desde o começo de seu relacionamento com o Rei, Maria Rita fazia questão de assistir aos seus shows. Bastava a banda aquecer os primeiros acordes e acompanhar os olhos do Rei para descobrir a posição de sua musa na platéia.


O primeiro botão de rosa jogado para as fãs no fim do espetáculo também sempre tinha endereço certo.

Durante todo o casamento, um era a sombra do outro. O próprio Roberto descreveu assim a relação na canção Eu Te Amo Tanto, feita em homenagem a Maria Rita:. "Cada vez mais juntos. quem procura por você sabe onde estou." Pura verdade. Não importava a ocasião, nem o lugar ou o compromisso Quando Roberto Carlos chegava bastava dar uma olhadinha a seu lado e identificar a sorridente Maria Rita. Desde celebrações em família, como o casamento de Segundinho em janeiro 1996, até eventos sociais importantes como o show de Pavarotti no Metropolitan (1995) e a última visita do papa João Paulo II ao Brasil (1997). Ou, quem diria, no camarote da apoteose, onde o casal assistiu agarradinho ao desfile das escolas de samba no Rio (1995) Naquela ocasião, Roberto chegou a deixar de lado sua inflexível discrição e embalado pelo som da bateria, deu um beijo cinematográfico em sua mulher.

Nos nove anos em que conviveu com o Rei, Maria Rita também foi a grande conselheira da dupla Roberto e Erasmo. Quando finalizavam alguma canção, os dois corriam para perguntar a opinião da fã número um. Não fosse uma grande prova de amor, a atitude poderia ser considerada perda de tempo. Afinal, Maria Rita sempre adorava as músicas, principalmente as de tom religioso que sempre a faziam chorar.

Nos últimos meses, nada conseguiu impedir que Maria Rita continuasse a admirar o ídolo e marido. No especial Criança Esperança de 1998, enquanto Roberto cantava Jesus Cristo e Nossa Senhora, no Ibirapuera, a 10 quilômetros dali, uma fã emocionada não tirava os olhos da TV. Era Maria Rita. Assim que acabou sua participação no programa, ele correu para o lado de sua mulher. A partir daí começou uma nova fase no romance dos dois. Roberto já era um marido especial, mas se tornou um companheiro incansável na luta pela cura da mulher. Ele não a deixava sozinha um minuto sequer. Agora, em vez de ela acompanhá-lo em viagens pelo mundo afora, era ele quem fazia questão de segurar sua mão. Roberto e Maria Rita protagonizaram um amor perfeito. Combinavam em tudo. Ela não se incomodava de viver em função do bem-estar do marido e ele, por sua vez, nunca deixava de declarar seu amor. Podia ser através de músicas românticas ou até da comovente dedicação:"Hoje eu sei o que uma pessoa é capaz de fazer por amor", disse Roberto.

Maria Rita e Roberto Carlos viveram uma história de amor que parece ter sido escrita por Deus e selada pelo destino. Compartilharam fé, dor, carinho e muita paixão. Poucas pessoas têm esse privilégio. Maria Rita sabia disso. "Amor e carinho foram coisas que nunca me faltaram. Tenho um marido perfeito", disse ela à CONTiGO, em agosto, durante uma missa na Igreja Nossa Senhora da Paz.

Só mesmo uma fatalidade seria capaz de separá-los.








Fonte:http://www.clubedorei.com.br

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