A Zeno.FM Station
RÁDIO NOSSA JOVEM GUARDA: março 2020

março 28, 2020

Roberto Carlos, a reencarnação e Chico Xavier…

Roberto e seu pai
O dogma da reencarnação é antigo e mundial. Acredita-se que 2/3 da população creia nessa lei que é a Justiça Divina para todos.

Jesus a ensinou por diversas vezes aos seus discípulos, e ela também é ensinada no Velho Testamento, tanto é que a maior prova dada pelo Mestre é de Elias, que reencarnou novamente como profeta no corpo de João Batista (o que batiza na água). Como Elias mandou matar 450 sacerdotes de Baal, João foi decapitado pelo rei Herodes.

O Cristo prometeu que enviaria outro Consolador e este surgiu com o espiritismo, que foi codificado pelo pedagogo e escritor Allan Kardec, cuja teologia tem por base a multiplicidade de vidas corporais, bem como a pluralidades de mundos habitados.

Após a morte de Kardec, os seus seguidores mandaram construir sobre seu túmulo um dólmen em pedra, no cemitério Père-Lachaise, e colocaram essa frase: “Nascer, morrer, renascer novamente e progredir sem cessar: tal é a lei”.

O cantor Roberto Carlos nasceu num lar onde os pais tinham religiões diferentes e se aceitavam. A mãe, dona Laura, era católica, e o pai, Robertino, seguia o espiritismo. Permitiram ao filho decidir o que desejaria seguir, e aos 7 anos o cantor optou pelo catolicismo.

Essa vivência e a sua fé resultaram em momentos especiais na sua carreira, com composições que tocam a todos e emocionam, como quando ele canta “Nossa Senhora” ou “Jesus Cristo”.

O ídolo jamais se distanciou do pai, que seguia o espiritismo, com quem gostava de pescar. Foi o pai quem lhe deu o primeiro violão e o levou para conhecer pela primeira vez a Rádio Nacional. Roberto teve vários contatos com Chico Xavier. Compôs a música “O Homem”, cuja letra diz-se que foi psicografada pelo médium mineiro.(1)

O cantor diz: “Quando conheci o médium realizei um sonho de infância. Chico Xavier inspira, nas pessoas com quem conversa, boas atitudes, serenas e bem-intencionadas. Ele estaria milionário se não tivesse doado os direitos autorais às instituições de caridade. E esta bondade me atraiu ao seu convívio”. (2)

Eis trechos da composição finalizada e cantada pelo rei Roberto Carlos, “O homem”:

“Um certo dia um homem esteve aqui
Tinha o olhar mais belo que já existiu
Tinha no cantar uma oração.
(…)
Que além da vida que se tem
Existe uma outra vida além e assim…
O renascer, morrer não é o fim”.

Se nesta composição, em que ele homenageiam Jesus, chamou-se “O homem”, em outra composição cantada pelo líder da Jovem Guarda, que diz-se ser em homenagem ao mineiro Chico Xavier, ele acrescentou um adjetivo, “O homem bom”:

“Vai como um vento solto numa campina
Desliza na relva verde
E vai subindo pela colina
Todas as folhas secas
Viram tapete aqui neste chão
Nos pés desse homem bom
Que só tem amor no seu coração”.

Convivendo aqui, aprendemos que somente o amor e a educação podem transformar as criaturas. Tudo está bem com você e com sua família? Vai estar se você estiver com Deus em seu coração, porque o céu começa em nós… assim como o inferno.





Fonte jornalosemanario.com.br

março 07, 2020

"Namoradinha de um amigo meu" Nos tempos da Jovem Guarda

Roberto Carlos, Erasmo, Wanderleia e o movimento que mudou os hábitos da juventude

Confessou um segredo: estava amando loucamente a namoradinha de um amigo, e nem sabia como isso acontecera. Disse que foi de repente. Um dia, olhou no olhar dela e se apaixonou. Preocupado, não sabia o que fazer pra ninguém saber que estava gamado daquele jeito. O que seria dele se os dois soubessem daquela paixão inconveniente? Como não queria, de modo algum, magoar um amigo de fé e irmão camarada, decidiu esquecer e procurar alguém que não tivesse ninguém.

Essa historinha bobinha está contada e cantada na música “Namoradinha de um amigo meu”, que bem resume a beleza ingênua de um movimento musical e de costumes nascido no meio dos anos 1960 e ao qual se deu o nome de Jovem Guarda. Tempo dos coroas de hoje que na época eram jovens pra frente. Tinham carangos, quase não davam mancadas, vestiam calças apertadas e boca de sino, usavam longas cabeleiras e tinham cuca legal. Quanto às coroas, eram então garotas papo firme e uma brasa, mora!

O curioso é que a Jovem Guarda despertou a ira do pessoal da MPB. Admitia-se que os jovens podiam fazer música popular, mas não tão popular como aquela, que para os puristas não tinha conteúdo, embora empolgasse e arrastasse multidões. Os da pauta intelectual ficaram tão revoltados que idealizaram e promoveram, em 1967, a Marcha Contra a Guitarra, uma passeata idiota, liderada pela cantora Elis Regina e acompanhada por inúmeros artistas da MPB. Utilizar guitarra elétrica era “americanizar o que é nosso”, dizia o lema do protesto. Eles torciam o nariz para aquele tipo de música sem apelo político ou ideológico, numa época de ditadura e censura que exigia mais do que aquela água com açúcar. Daí a promoção da passeata ridícula da qual participaram tantas boas cabeças da nossa música. Mas os radicais são assim mesmo: embora dotados de raro talento e inteligência, ou até por isso mesmo, nunca se dão conta da própria insensatez.

Apesar da imensa popularidade entre os jovens, a música da Jovem Guarda sofria críticas severas dos críticos musicais, que a consideravam pobre de melodia e rimas, além de alienantes. Mas o certo é que ela mudou os hábitos da juventude. Os programas exibidos pela TV Record nas tardes de domingo tinham tanta audiência que chegaram a provocar o esvaziamento dos estádios de futebol.

De vez em quando, na qualidade de coroa nostálgico, ouço composições daquela turma de jovens do reino de Roberto Carlos. Nada mais gostoso do que um banho de lua, uma espera à beira do caminho, um apelo ao senhor juiz para parar um casamento, o calhambeque que ganha do Cadillac, o filme triste que faz chorar, o estúpido cupido, o ritmo da chuva, etc, etc, etc.

Se você pretende saber quem eu sou, faça como eu. Além de Roberto, Erasmo e Wanderleia, perca um tempinho (ou melhor, ganhe), ouvindo Jerry Adriani, Leno e Lilian, Evinha, o Trio Esperança, os Golden Boys, Márcio Grayck, Ed Wilson, Ronnie Cord e Ronnie Von, Renato e Seus Blue Caps, Os Incríveis, Sérgio Reis, Antônio Marcos, Eduardo Araújo, Martinha, Vanusa, Celi Campelo, Rosemary, The Fevers e tantos outros que venderam milhões de discos e ainda hoje alegram os ouvidos e à sensibilidade.

Se você, por alguma razão, não gostar, aceite minhas condolências.


*Afonso Barroso é jornalista, redator publicitário e editor

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...