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RÁDIO NOSSA JOVEM GUARDA: janeiro 2021

janeiro 31, 2021

A redescoberta do Negro Gato Getúlio Cortes




Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Getúlio Cortes, um dos ícones da Jovem Guarda, que compôs uma série de hits para vários intérpretes incluindo o Rei Roberto Carlos, lançou finalmente um disco cantando suas músicas. Denominado "As Histórias de Getúlio Cortês", o CD foi idealizado por Marcelo Fróes e produzido por André Paixão, por intermédio do selo Discobertas. A iniciativa ajudou a resgatar uma parte rica e importante de nossa música popular.

Para quem não sabe, Getúlio Cortes é irmão de Gerson King Combo, um dos precursores da chamada soul music brasileira. Mas foi na época da Jovem Guarda, nos anos 60, que ele acabou se destacando como autor de hits antológicos, entre eles, "Negro Gato", que foi regravado por Renato e Seus Blue Caps, Roberto Carlos e Luiz Melodia, entre outros.

Apesar de ter mais de 80 anos, Getúlio Cortes surpreende com uma voz firme e afinada em 10 canções acompanhadas por uma banda básica (guitarra, bateria, baixo e teclados) no CD. Dessa relação, quatro canções integram o repertório de Roberto Carlos: "Negro Gato", "Eu Só Tenho Um Caminho", "O Tempo Vai Apagar" e "Atitudes".

Há outras canções bem interessantes, como "Quase Fui lhe Procurar" (do repertório de Wanderléa) e outras menos conhecidas como "Ponha no Lugar" e "Por Motivo de Força Maior". As letras são simples e diretas, feitas para que o ouvinte possa se identificar com a mensagem logo na primeira audição.

O que causa surpresa para o ouvinte é constatar o fato de Getúlio Cortes ter conseguido gravar somente agora, com mais de 80 anos, o seu primeiro disco como intérprete. Sua voz está clara, firme e limpa. E com certeza, suas histórias merecem ser divulgadas para o público, pois fazem parte da memória de nossa cultura popular.





Fonte:resenhando.com

janeiro 09, 2021

Myrian Rios tem vontade de escrever livro sobre união com Roberto Carlos.

Myrian Rios e Roberto Carlos (Foto: Reprodução/Instagram)

RAINHA FORA E DENTRO DOS PALCOS

As semelhanças entre a rainha Ester e Myrian são muitas, segundo ela. Na história, Ester arriscou sua vida para conquistar o rei e seu posto no palácio para salvar seu povo. A atriz, de 62 anos, relembra que já abdicou de luxo e conforto da carreira em frente às telinhas para servir a Deus como missionária por 12 anos.

“Eu tive que abrir mão de um bom salário, de viagens e do conforto para ser missionária. Como a Bíblia mesmo fala, o missionário tem que viver com o básico. Tudo era muito simples e vivi da providência de Deus. Mas nunca me faltou nada”, relembra.

“Assim como Ester, uso minha imagem para ajudar ao próximo. Gosto de viver corretamente e sempre peço luz e direção de Deus para tomar minhas decisões. Ela também era muito determinada, autêntica e transparente e foi assim que conquistou o rei”, continua ela, que foi casada com outro rei, Roberto Carlos, por dez anos.

O casamento com o Roberto Carlos é lembrado com muito carinho por Myrian. Ela afirma que ele foi o grande amor de sua vida e que entre quatro paredes era apenas uma pessoa simples e carinhosa.

“Foi o grande amor na minha vida. Ele é muito importante para mim. As pessoas imaginam muitas coisas sobre o meu casamento com Roberto. Não existia essa pressão toda que as pessoas imaginam de ser casada com o rei Roberto Carlos. Entre quatro paredes, ele era um marido carinhoso, caseiro, que cuidava muito de mim e se preocupava em ajudar as pessoas”, detalha.

Já nas ruas, Myrian tinha uma vida cheia de holofotes. Todos queriam fotografar os dois ou saber mais sobre a intimidade do casal.

“Era uma loucura sair na rua. Não por mim, mas por ele. O bom é que sempre fui muito caseira e me divertia em casa. A gente ria muito. Vivemos uma história muito bacana. A gente tem histórias ótimas e tenho vontade até de escrever um livro sobre isso, se ele permitir, é claro.”





Fonte:revistaquem.globo.com


janeiro 04, 2021

Álbum de 1971 que consolidou reinado de Roberto Carlos faz 50 anos com relevância e atualidade


MEMÓRIA – De agosto de 1965 a janeiro de 1968, Roberto Carlos encarnou com perfeição o rei da juventude no castelo construído pela Jovem Guarda, primeiro movimento pop da música do Brasil.

A partir do álbum intitulado O inimitável e lançado no dezembro de 1968, o cantor iniciou inteligente processo de transição da fase juvenil para o universo predominantemente romântico do mundo adulto.

O rito de passagem foi desenvolvido nos dois posteriores álbuns de 1969 e 1970, grandes discos embebidos na música negra norte-americana que atestaram a evolução de Roberto Carlos como compositor, sempre em parceria com Erasmo Carlos.

Lançado em dezembro de 1971, o álbum Roberto Carlos sedimentou a transformação gradual do artista e consolidou o reinado do cantor no Brasil conformista e anestesiado do inicio da década de 1970. A ilustração do cantor na capa do LP já simboliza a virada pela exposição do semblante mais adulto.

Emblemático, esse disco completa 50 anos em 2021 – ano em que também Roberto faz 80 anos em 19 de abril – sem perder a relevância, tanto pelo repertório irretocável quanto pela produção musical capitaneada por Evandro Ribeiro, homem forte da diretoria da gravadora CBS e decisivo na trajetória fonográfica de Roberto Carlos, com quem trabalhou de 1963 a 1983 – não por acaso, o período mais expressivo da discografia do cantor.

Também não por acaso, o álbum Roberto Carlos de 1971 foi o primeiro disco gravado pelo artista nos Estados Unidos – em outubro de 1971, no estúdio da gravadora CBS em Nova York (EUA), após pré-produção feita na cidade do Rio de Janeiro (RJ) em setembro daquele ano – com arranjos (geralmente orquestrais) criados e regidos pelo pianista e maestro norte-americano Jimmy Wisner (1931 – 2018).

Somente duas faixas saíram sem a assinatura de Wisner porque foram previamente gravadas para a série de coletâneas As 14 mais e reaproveitadas no álbum.

Uma delas é Amada amante (Roberto Carlos e Erasmo Carlos). Balada gravada em 1º de maio de 1971, Amada amante fechou o disco, levando para a casa da tradicional família brasileira uma canção sobre relação extraconjugal, ainda que a letra pudesse ser lida como declaração de amor à mulher oficial (como entendeu Nando Reis ao regravar a música para álbum com o repertório de Roberto Carlos lançado em 2019).

A outra faixa sem o toque orquestral de Jimmy Wisner foi gravada entre junho e julho de 1971. É Eu só tenho um caminho, soul de Getúlio Côrtes, compositor identificado com o universo da Jovem Guarda.

Outro compositor associado à Jovem Guarda, Renato Barros (1943 – 2020), herói da guitarra no exército da juventude brasileira, comparece no disco como autor de Você não sabe o que vai perder, rock imerso na levada de rhythm and blues, uma das matrizes do gênero.

Você não saber o que vai perder é música que poderia figurar em qualquer disco de Roberto Carlos na fase da (então ainda recente) Jovem Guarda – fato que denota o cuidado do cantor na condução da transição.

Em que pesem os ecos do reinado juvenil, o álbum Roberto Carlos de 1971 reforça sobretudo a assinatura romântica do artista, a começar pela referencial canção Detalhes (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), desde então música obrigatória no roteiro de qualquer show do cantor. Com elevada autoestima (traço notório do caráter do artista, aliás), o eu lírico da canção exprime confiança no poder de permanecer na memória da mulher que o deixou.

Primeira conexão de Roberto Carlos com a obra de Caetano Veloso, a gravação do blues Como dois e dois – música inédita do compositor baiano, enviada a Roberto por Caetano do exílio em Londres – se diferencia no disco por trazer, ainda que de forma cifrada, referências à sombria situação política do Brasil em 1971.

Era sintomático ouvir verso como “Tudo vai mal, tudo” na voz de Roberto, cantor criticado na época (e ainda hoje) por evitar tomadas explícitas de posições. Mas é justo lembrar que, no mesmo disco, o explosivo soul Todos estão surdos (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) – sequência do spiritual Jesus Cristo (1970) no cancioneiro religioso de Roberto – pedisse paz e criticasse as guerras e a “covardia surda” em letra cheias de referências a Jesus. Mesmo sob a égide religiosa, Todos estão surdos é música política.

E, sob o viés político, Caetano Veloso também está presente subliminarmente no álbum através da canção Debaixo dos caracóis de seus cabelos, composta por Roberto e Erasmo em intenção do colega, então tristonho por ter sido forçado pelos militares a deixar o Brasil.

Contudo, as canções românticas já dão o tom primordial do álbum. Bonitas canções, faça-se justiça. A apaixonada balada A namorada (Maurício Duboc e Carlos Colla) e o melancólico bolero Se eu partir (Fred Jorge) são composições de melodias fluentes e sedutoras.

Nessa seara sentimental, merece menção honrosa a inspiração da dolente balada De tanto amor, uma das obras-primas do cancioneiro romântico de Roberto e Erasmo, confiada primeiramente a Claudette Soares, intérprete original da composição em momento luminoso da trajetória da cantora.

Dentro desse repertório adulto, o tom intencionalmente impostado no fox-trote I love you (Roberto Carlos e Erasmo Carlos) – usado para parodiar os cantores românticos da fase pré-Bossa Nova – soa deslocado no disco.

Até porque é incoerente com a opção estética de (grande) cantor que sabe intensificar os tons para interpretar músicas mais emotivas, como o disco demonstra na gravação de Traumas (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), canção psicológica de traços autobiográficos cuja letra confessional alude de forma sutil ao acidente na infância que fez o artista ter que amputar parte da perna direita.

Enfim, são poucos os discos que, após 50 anos, conservam o encanto e, de certa forma, a atualidade por tocar em temas atemporais como o (des)amor, a luta pela paz e as queixas de que, sim, “tudo vai mal”.

O álbum Roberto Carlos de 1971 é um desses discos e não surpreende que, depois dele, Roberto Carlos tenha se entronizado de forma vitalícia como um dos cantores mais populares do Brasil em todos os tempos.




Fonte:G1




 

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