O movimento, como se sabe, sobrevivia basicamente de versões e a pessoa que mais fazia versões, batia o recorde, era Rossini; versos que, quase sempre, fugiam totalmente ao título original, mas de beleza encantadora. Quem não se lembra de Pensando Nela, gravada pelos Golden Boys, versão de Rossini Pinto, cujo título original é Bus Stop (Parada de Ônibus)?
Engana-se quem pensa que versão é o mesmo que tradução. Versão, como o próprio nome já deixa claro, é uma tradução livre, a versão que quem compõem tem daquela música. Em verdade, versão é uma nova composição, que aproveita a música original.
E nisso Rossini era “bamba”. Tanto que era requisitado por Renato e seus Blue Caps, Golden Boys, Roberto Carlos, Jerry Adriani e quase todos os da Jovem Guarda; além de, também, compor e cantar.
Pois é. Rossini também tentou a carreira de cantor e fez um relativo sucesso; mas um problema fonoaudiológico (era tato) o impediu de prosseguir carreira. Fosse hoje, quando os cantores não precisam mais cantar e o sucesso se mede pelos órgãos sexuais ou pela fumaça e luzes do palco na hora dos shows e pelos jabás que se dão a alguns programadores das emissoras, com certeza Rossini seria lembrado pelos tantos “especiais” que se fazem sobre a Jovem Guarda, mas não se fala uma linha sobre a importância dele para o movimento.
Profundamente autocrítico e forçado pela situação da época, que exigia perfeição na pronúncia das palavras, Rossini preferiu o sucesso na “contra-regra”, compondo ou fazendo versões, para o delírio das fãs de cantores famosos, entre eles o “rei” Roberto Carlos, numa época em que ainda, ao fim da execução da música, o locutor anunciava, por exemplo: “Roberto Carlos, Só Vou Gostar de Quem Gosta de Mim, de Rossini Pinto”.
Rossini Pinto foi a alma da Jovem Guarda. Merecia pelos menos uma imagem congelada, na telinha da Rede Globo (ou de qualquer outra emissora) nos “especiais” sobre o movimento.
Fonte:portalcorreio.com.br