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RÁDIO NOSSA JOVEM GUARDA: março 2018

março 27, 2018

Disco O Inimitável, de Roberto Carlos, faz 50 anos

Lançado há exatas cinco décadas, disco O Inimitável marcou
guinada na carreira do artista


Todo grande artista com carreira longeva que se preze sempre tem um álbum de transição em sua trajetória. É aquele trabalho que rompe de forma visceral com tudo que ele criou até então, um divisor de águas que irá apontar nova direção em sua lida artística. Há exemplos clássicos que você está careca de saber. Quer ver?

Em 1967, atestando maturidade não apenas estética e criativa, mas de comportamento, os Beatles lançaram Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band e deu no que deu, ou seja, um dos álbuns mais importantes de todos os tempos. Dois anos mais cedo, 1965, o bardo Bob Dylan, numa de suas várias metamorfoses, atiçou a fúria do mundo folk e de seus fãs de música de protesto ao gravar o semielétrico Bringing It All Back Home.

Foto capa do disco O Inimitavel

Em 1970, bem antes de virar o muçulmano Yusuf Islam, Cat Stevens, depois de quase sucumbir à tuberculose um ano antes, abandona o estilo de astro teen que ostentava nos anos 60 para abraçar uma carreira marcada por intimismo e espiritualidade. Lançou o meditativo Mona Bone Jakon. O resto é história.

O disco de transição do rei Roberto Carlos é O Inimitável, de 1968, que dá sequência aqui aos nossos posts sobre obras clássicas lançadas neste mítico ano. Primeiro registro a gravar após o fim do programa da Jovem Guarda, na Record, o álbum, nascido no seio da tropicália, surgiu em momento difícil na vida pessoal do artista. Ele havia descoberto que o filho Dudu Braga II, o Segundinho, foi diagnosticado com glaucoma congênito.

Mesmo trazendo, en passant, ressonâncias do trabalho anterior, o enérgico Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura (1967), em faixas como É Meu, É Meu, É Meu e Nem Mesmo Você, O Inimitável pegou fãs e críticos de surpresa com sua influência de black music e letras românticas maduras. Prova disso, é a faixa de abertura Eu Não Vou Deixar Você Mais Só, de Antônio Marcos. Uma pérola.

Pode-se dizer que a história do disco começou com a canção Madrasta, escrita pela dupla Beto Ruschel e… Renato Teixeira, uma das duas músicas que escreveram para o festival da canção da TV Record naquele ano de 1968. A ideia era que a faixa fosse defendida por Taiguara ou Silvio César, mas o diretor do Festival, Solano Ribeiro, tinha uma escolha diferente.

“O que vocês acham de Roberto Carlos defender esta canção?”, sapecou à queima-roupa.


Após certa resistência, pelo menos por parte de Ruschel, eis que naquela noite de quarta-feira, 18 de novembro, debaixo de vaia estridente, Roberto Carlos subiu ao palco do Teatro Record. Acompanhado por quarteto de cordas e flautas e um nervoso Beto Ruschel ao violão, não se intimidou. A canção não ficou nem entre as cinco colocadas, para revolta do cantor, mas ganhou espaço no álbum que marcaria uma nova fase na carreira do artista.

“Nós queremos dizer para você que Roberto Carlos cantando Madrasta é o primeiro fruto do tropicalismo. Você e Beto criaram uma canção tropicalista”, disse um entusiasmado Gilberto Gil, logo após o festival, em encontro com os compositores da canção, em seu apartamento, no centro de São Paulo. “De fato, a gravação de Roberto Carlos não destoaria se fosse uma das faixas do álbum-manifesto Tropicália, lançado naquele ano de 1968”, escreve o jornalista e escritor Paulo César de Araújo na biografia proibida Roberto Carlos em Detalhes.

Reconhecimento tardio
Uma das primeiras músicas de O Inimitável a estourar foi Se Você Pensa. Rock pancadão visceral cantado cheio de raiva e com arranjo de metais vibrantes tocado pelo RC 7, a mítica banda de Roberto Carlos. Com sua letra direta e envolvente, logo a canção estava na voz de grandes nomes da época, de Elis Regina a Wilson Simonal, pondo fim ao embate não apenas entre a turma da MPB e do iê, iê, iê, mas do preconceito contra a dupla Roberto e Erasmo.

“Se Você Pensa é uma das canções mais lindas que já foram feitas no Brasil”, admitiria Caetano Veloso anos mais tarde ao biógrafo Paulo César de Araújo. “E eu fiquei numa fúria, ainda mais irado, por causa do preconceito que havia contra Roberto Carlos. Na hora, disse para Dedé: ‘Esse pessoal que está botando banca não tem o décimo do talento desse cara'”, reconheceria o baiano.


Outro grande sucesso do disco cinquentão, As Canções Que Você Fez Pra Mim, foi motivada pela dor de cotovelo do amigão Dedé, então baterista do RC 7. Amargurado com o fim do namoro com a cantora Martinha, ele foi convencido pelo rei a passar uns dias em seu sítio, no interior de São Paulo, onde era aplacado pelas lembranças das canções de amor que a namorada lhe dedicava. Sensibilizado com o romance que não deu pé e com a solidão do amigo, Roberto pegou o violão numa noite e escreveu a canção que já nasceu clássica.

“Isto é como se você estivesse lembrando para a Martinha, tudo aquilo que ela lhe dizia nas canções que fez para você”, explicou Roberto Carlos numa bela manhã, após o café.

Escrita por Getúlio Cortes – compositor de vários sucessos de Roberto Carlos – em parceria com Renato Barros, líder do Renato e Seus Blues Caps, mas creditada ao seu irmão, Paulo César Barros, num contrato de camaradagem fraterna, O Tempo Vai Apagar teve melodia inspirada num clássico barroco do rock, A Whiter Shade Of Pale, gravado pelos ingleses do Procol Harum, em 1967. Reza a lenda que o rei só aceitou gravá-la depois de ouvir a introdução criada pelo tecladista Lafayette, chupada da canção original. É só comparar.


A força contagiante do soul e do funk, com metais pulsantes e poderosa cozinha conduzida por baixo e bateria à frente, marca o som de três hits do disco: Não Há Dinheiro Que Pague (Renato Barros), Ciúme de Você (Luiz Ayrão) e Eu Te Amo, Eu Te Amo que, com levada gospel hipnotizante no refrão, viria a ser um dos maiores sucesso da dupla Roberto e Erasmo Carlos.

No ano seguinte, com canções mais confessionais carregadas de belos arranjos orquestrais e ainda com influência black, Roberto Carlos lançaria aquele que é considerado o seu maior trabalho pela crítica especializada. Mas essa é uma outra história…





Fonte:www.metropoles.com

março 02, 2018

Autor de hits de Roberto Carlos, Getúlio Côrtes lança primeiro álbum aos 80 anos


Nascido em 22 de março de 1938 na cidade do Rio de Janeiro (RJ), Getúlio Francisco Côrtes – irmão de Gérson Rodrigues Côrtes, o cantor de funk conhecido como Gerson King Combo – se criou no bairro de Madureira, um dos berços do samba carioca, mas contrariou a lógica racista da época de que negro tinha que ser sambista ao entrar no mundo da música. Roqueiro pela própria natureza musical, Getúlio se associou nos anos 1960 à turma da Jovem Guarda e, com isso, teve músicas gravadas por Roberto Carlos, o rei da juventude daquela década.

A música de Getúlio que alcançou maior projeção na voz do cantor, sobrevivendo inclusive ao fim da Jovem Guarda, foi Negro gato (1965), gravada por Roberto em 1966, um ano após ter sido lançada pelo grupo Renato e seus Blue Caps no álbum Viva a juventude! (1965), e desde então revisitada por intérpretes como Marisa Monte. Mas são da lavra de Getúlio várias outras músicas gravadas por Roberto Carlos, com quem o compositor se enturmou em 1961, anos antes do estouro do cantor.

Entre essas músicas, há O feio (1965), Pega ladrão (1965), O gênio (1966), O sósia (1967), Quase fui lhe procurar (1968), O tempo vai apagar (parceria com Paulo César Barros, lançada por Roberto em 1968), Nada tenho a perder (1969), Uma palavra amiga (1970), Eu só tenho um caminho (1971) e Atitudes (1973).

Algumas dessas composições são repaginadas no álbum As histórias de Getúlio Côrtes na voz do autor, que esboçou carreira de cantor na década de 1960 ao formar o grupo vocal The Wonderful Boys. O disco foi gravado com produção musical de André Paixão, sob a direção artística de Marcelo Fróes.




Fonte:G1

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