Rua Augusta 1965
Há mais de um século atrás, por volta de 1875, a Rua Maria Augusta ligava a Chácara do Capão (atual R. Antonia de Queiroz) à Estrada da Real Grandeza (nossa ilustre Avenida Paulista). Mais tarde, a partir da década de 1950, a rua não só deixou o “Maria” de lado, como transformou-se em um centro de compras e símbolo de sofisticação. A Augusta passou a abrigar grifes, espaços gastronômicos e se tornou ponto de encontro de artistas. Durante os idos anos 60 e 70, a juventude dominava suas calçadas. Enquanto os jovens paulistanos exibiam seus carros em alta velocidade pelo asfalto, a Jovem Guarda encarregou-se de afamar ainda mais a rua com o nostálgico refrão “Hay, hay, Johnny. Hay, hay, Alfredo. Quem é da nossa gangue não tem medo”.
Os jovens e as roupas usadas nos anos 60
No caso da Rua Augusta daquele tempo, os jovens paulistanos exibiam seus carros em alta velocidade pelo asfalto, encontros de turmas, grupos, casais de namorados, onde a onda do Rock n Roll, ainda imperava. Era o frisson da época subir a Augusta, no sentido Avenida Paulista , fazendo “pegas e cavalo-de-pau” e apostando corridas em grupos de 10 a 15 carros, no estilo “Juventude Transviada”. Era um delírio para todos: os jovens se deleitavam com a adrenalina e os pais ficavam às raias de infartos e colapsos nervosos.
Evidentemente que tudo isso não tinha apenas que ser vivido pela juventude, mas também cantado. E, assim sendo, a música Rua Augusta (1963), de Hervé Cordovil e, cantada e interpretada por seu filho Ronnie Cord (Ronald Cordovil), retrata muito bem toda essa rebeldia da juventude paulistana. Posteriormente, a música foi imortalizada pela Jovem Guarda, com Erasmo Carlos (o Tremendão) tornando-se um dos maiores hits dos anos 60. Muitos outros artistas também regravaram esse sucesso marcante, como os Mutantes, em 1972 e Raul Seixas, nos anos 80, quando gravou um disco em tributo ao Rock.
Por falar nisso, o programa Jovem Guarda, um programa de auditório, da TV Record, surgido em 1965, comandado por Roberto Carlos, Erasmos Carlos e Wanderléia, contribui sobremaneira para que Rua Augusta ficasse nacionalmente famosa (Aliás, o maior e mais famoso programa de música pop que o país já teve). Tem até o episódio com Erasmos Carlos que, empolgado com toda a história da Rua Augusta, comprou um fusca cor de abacate para subir e descer a rua, ainda nos velhos bons tempos. Dizem que o apelido “Tremendão”, do Erasmo foi por causa dessa música. Dizem também que parte da juventude paulista da época encarava isso como um insulto, pois paulistas e cariocas sempre tiveram suas diferenças.
Relembremos o significado e clima que a canção Rua Augusta passava para todos na Época de Ouro da juventude brasileira:
I
Entrei na Rua Augusta
A 120 por hora
Botei a turma toda
Do passeio pra fora
\Com 3 pneus carecas
Sem usar a buzina
Parei a quatro dedos
Da esquina
Falou!
Vai! Vai! Johnny
Vai! Vai! Alfredo
Quem é da nossa gangue
Não tem medo...(2x)
I I
Meu carro não tem breque
Não tem luz
Não tem buzina
Tem 3 carburadores
Todos 3 envenenados
Só pára na subida
Quando falta gasolina
Só pára se tiver
Sinal fechado
Tremendão!
III
Toquei a 130
Com destino à cidade
No Anhangabaú
Botei mais velocidade
Com 3 pneus carecas
Derrapando na raia
Subi a Galeria Prestes Maia
Tremendão!
Vai! Vai! Johnny!
Vai! Vai! Alfredo!
Quem é da nossa gangue
Fonte: Informações:http://juarez-chagas.blogspot.com.br
Professor do Centro de Biociência da UFRN